Jornadas alquímicas de iniciação feminina pelos caminhos da Sexualidade, da Dança e da Conexão com a Natureza... (Dúnia La Luna)
"A Serpente é o entendimento de todas as coisas e a compreensão da vacuidade d'elas. Seguindo um caminho que não é o de nenhuma ordem nem destino, ela ergue-se á Altura que é a sua origem... Ela é o entendimento de tudo, a fusão dos opostos, do bem e do mal, a da valia da emoção como emoção e da vontade como vontade... " (Fernando Pessoa)



quinta-feira, 23 de julho de 2015

Acordai Amante, Adormecei Amante... A amante em mim!



Acordai Amante, Adormecei Amante...
O Amor ou Eros, que em seu significado original é a força de atração que mantém os planetas orbitando o Sol, e que pelos antigos era usada também para denominar a força que nos mantem conectados à Vida e com o outro pela Vida... Uma força poderosa que entrelaça muitas esferas e camadas do nosso ser... Refinada e invisível que nos chama, puxa e orbita por fora e por dentro de nós  mas que de repente se torna imperceptível para o ser humano comum por entre quotidianos, rotinas e obrigações da vida automatizada que levamos! 
O coração e o sexo são os territórios do Amor, originalmente a canalização da Vida.
O coração está no corpo, o sexo está no corpo, as ações vibrantes se manifestam no corpo. 
A energia ERO-tica por tanto, vive no corpo!
Quantos momentos do dia ou da semana Eros se manifesta apresentando uma atmosfera ao nosso redor e nem percebemos? Ou se percebemos o ignoramos?
A vida que levamos nos solicita muito para fora de nós, ou seja, do corpo e assim tiramos quase todo o espaço que deveríamos ter para a Amante em nós (a força de Eros) se manifestar. 

Ou preguiça, ou por hábito de vivermos na mente ou por compromisso sabotamos nossa Amante o tempo todo e depois esperamos que Ela (Eros) se manifeste em nós de acordo com o ideal mental que temos de Amor.

Partilho aqui uma experiência:
Estava caminhando na estrada de terra com minha filha e sem esperar uma sensação invade meu corpo. Com ela, se configura uma imagem na mente: cada pedaço do meu corpo se deitava nu colando-se às rochas da cachoeira. Meu corpo vibrou com tal imagem como já havia feito muitas vezes. Neste dia porém não havia a menor razão para isso pois o clima era frio e cinzento...

Ri dessa "bobagem" e continuei conversando com minha filha.
Novamente a sensação. E a imagem agora era água que escorria na pele, o gelado tocando as articulações mais escondidas, o frio arrepiando... Mais uma vez ri, achando isso intrigante, ignorei e voltei a atenção na minha filha.
Cheguei ao meu destino, deixei a minha filha no local e saí para ir de volta para casa. (Pelo menos essa era a ideia focada nos compromissos do dia e na intenção de cumpri-los)
Eu, como todos nós, temos sido treinados a fortalecer a mente para controlar o corpo e criar ideais de como as coisas devem ser.
Eu sou mestra da mente, rs, era uma decisão simples e muito fácil de controlar, não ir e pronto!
Mas também tenho exercitado a ficar no corpo, legitimar sua sabedoria. Senti que esta situação poderia ser uma oportunidade desse exercício. Escolhi me observar e ver onde isso levaria...

Observei a engenhosa separação dentro de mim: corpo/mente com solicitações muito diferentes.

Quando escolhi observar e não comandar com a mente meu corpo se abriu a uma forte corrente prazerosa que me guiava: Saí do local e me vi entrando na trilha da cachoeira.
Quanto mais eu caminhava mais a mente disparava em querer argumentar o quanto isso era absurdo.
Eu não estava com roupas para banho, estava um frio horroroso e eu tinha muita coisa a fazer!
Sem razão alguma meu corpo era presença pura e criava um fluxo de prazer alto e vibrante a cada passo. A  caminhada tornou-se meditativa e sensualmente prazerosa.
Chegando à cachoeira não existia mais separação em mim, já não havia mais dúvidas em viver aquela experiência, não havia medo do frio mas um forte desejo por ele, pela água e pela rocha ao qual meu corpo de recostava...
Não foi uma decisão da mente, não foi um controle da minha personalidade.

Foi um agente da matéria, da poderosa força da natureza atuando na sua casa: Meu Corpo!

Era meu corpo tendo vez, meu corpo sendo ele, meu corpo sendo Amor.
Era a Amante que sou da vida me lembrando que o Amor não pede licença. Ele se manifesta e podemos experimenta-lo ou não.
Era eu Amante amando autenticamente e fora das idealizações da mente sobre o que é o Amor e sobre que horas ele tem que aparecer...

Era meu corpo NÃO sendo domado!
Era Eros apresentando-se convidativo...
Era a Amante tendo prioridade no lugar dos compromissos, as vezes, muito chatos do dia.

Escutei a Amante em mim e meu dia não tinha mais
CRONOS-grama, tinha FLUXO-grama livre cheio de energia com muitos insights e com todos os compromissos cumpridos antes da hora que eu supunha cumpri-los!

Bem, contudo me questiono: Quantas vezes temos espaço em nós para perceber ou para permitir essa força se manifestar e nos mover?

Todas nós estamos em caminhadas ininterruptas em busca de Eros. Mas cegas como Psiquês simplesmente não o reconhecemos por não vivermos mais no corpo.
Vivemos na mente, vivemos de ideais e negamos as sensações e os sinais do corpo.

Somos como Psiquês vivendo em negação para as tarefas de Afrodite que nos permitiriam amadurecer, nos reconhecer e a reintegrar o corpo à espiritualidade.
Sustentamos um estilo de vida que não nos permite nem saber o que é o chamado da vida ou da carência.
E quanto menos espaço disponibilizamos à Eros menos ele se manifestará quando queremos... Vamos assim perdendo o "time" e perdendo o "feeling" para o amor, para o prazer e êxtase do sentido da vida...

Não se trata de fazer sexo somente, não se trata de receber estímulo genital somente, mas sim de Gozar a vida e de deixar-se ser absorvida pela atmosfera do Amor, pela atmosfera atrativa e prazerosa que seu corpo é capaz de sinalizar pelas situações e pessoas.

Trata-se de abrir espaço no corpo, trata-se de abrir espaço na mente e se permitir a NADA, trata-se de deixar fluir as sensações sem tantos freios mentais, trata-se de deixar fluir a atração pelas pessoas, pelo ambiente e de abrir mão de tudo o que não nos atrai!




Acordai Amante, adormecei Amante

Todo os dias de nossas vidas 

Janelas abertas, corações disponíveis 

Todos os dias de nossas vidas

Desejo vivo, ações que convidam prazer

Todos os dias de nossas vidas

Corpo latente, alma vibrante

Todo os dias de nossas vidas 
Acordai Amante, Adormecei Amante

Texto e fotos: Dúnia La Luna
Imagens: Pre-Raphaelitas - Renascentistas

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Íntimo & Pessoal - A arte de amar pelos mistérios femininos



2 comentários:

  1. ahhhh! Du! que texto é esse?? que lindo!!gratidão amiga!!!

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    1. Miiii, bom saber que te inspirou! Vc sabe bem do que estou falando eu sei, só tem que voltar a exercer!

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