Jornadas alquímicas de iniciação feminina pelos caminhos da Sexualidade, da Dança e da Conexão com a Natureza... (Dúnia La Luna)
"A Serpente é o entendimento de todas as coisas e a compreensão da vacuidade d'elas. Seguindo um caminho que não é o de nenhuma ordem nem destino, ela ergue-se á Altura que é a sua origem... Ela é o entendimento de tudo, a fusão dos opostos, do bem e do mal, a da valia da emoção como emoção e da vontade como vontade... " (Fernando Pessoa)



PQ SAGRADO FEMININO?

Parando para pensar sobre esse tema questionei seu significado. Qual o sentido da expressão Sagrado Feminino?
Antes de entender a força dessa expressão, observemos a realidade hoje... sem muito esforço, nosso mundo moderno, embora moderno, segmenta muito claramente a importância superior masculina.  Pode haver quem acredite que muita coisa mudou, mas apenas porque  cairam algumas poucas regras sociais que até então estavam estabelecidas.
Ainda hoje quando se trata de questões generalizadas de expressão e de experiência como: na escrita, no verbo, no tempo espacial e na espiritualidade, o feminino não está implicito. Literalmente e metaforicamente: "quando o gênero é indistinto ou composto, a terminação do pronome é sempre masculino..."
Parando para analizar algo simples como as palavras, que são símbolos e que evocam uma associação mental, quando chamamos Deus de "Ele" excluímos o feminino do aspecto Divino.Mesmo com todo o movimento eco-espiritualista, para qualquer pessoa comum, a associação do feminino ao Divino soa bem estranha. A maior parte das pessoas não compreendem esse significado. Isso porque, acreditando ou não no mito de Adão e Eva, o símbolo da maldade feminina ainda prevalece no inconsciente coletivo.
O modelo comum de espiritualidade é aquele onde Deus (num aspecto masculino) é algo que está fora e separado de sua criação. No molde patriarcal de espiritualidade (patriarcal não se refere à natureza essencial dos homens, mas à utilização errada da energia masculina) se busca a comunhão com Deus nos livros sagrados, frequentando a igreja, seguindo algum padre/pastor e de acordo com o segmento de cada religião se adotam comportamentos e dogmas com base no medo dos castigos e punições de Deus. Basicamente os dogmas incluem um mesmo princípio: a matéria e tudo que está ligado a ela separam o homem da espiritualidade, e por isso ele deve combater, controlar e apenas explorar para suas necessidades e uso. À associação da Matéria temos: a Natureza manifesta com suas matas, ciclos e animais, a Corporeidade, a Sexualidade e claro.... A Mulher.

Não é preciso irmos até o paleolítico, com suas milhares de estatuetas de Deusas, para percebermos a ligação estreita que as mulheres tem com os ciclos da natureza, com a sexualidade e assim com seus instintos e corporeidade! Quando falamos de Feminino estamos falando da vida manifesta em sua materialidade e originalidade primeira...

Por tanto Sagrado Feminino evoca a concepção de que a Divindade está também na vida manifesta, na matéria, nos animais, nos ciclos da natureza, nos seres humanos e na sexualidade. O Sagrado Feminino é esse encontro de devoção para com a vida. Propõem uma reverência e uma comunhão com a Divindade por meio das experiências pessoais verdadeiras incluindo as experiências da matéria e seus processos   trazendo de volta a percepção de que Toda forma de vida faz parte de um TODO inclusive o ser humano, homem e mulher.
Neste momento em que enfrentamos ameaça de extinção por desrespeito a vida, resgatar  o aspecto Sagrado do Feminino numa atitude de reverência e respeito com o meio em que vivemos e com as relações é simplesmente um ato URGENTE!
Os sistemas espirituais do patriarcado nos fez ficar cegos para a teia da vida e para a percepção de que cada pequeno organismo c/ sua essência masculina ou feminina são interligados e que a vida só floresce quando cada um é livre para desempenhar sua função vital.
Não há espírito sem matéria, masculino sem feminino.
Como mulheres temos um papel fundamental quando, através de nossa natureza cíclica, acessamos facilmente essa nuance de vida!
O corpo é um guia, a natureza é um guia, os instintos são um guia e nós mesmas podemos, juntas ser guias umas das outras! Por isso um grupo de mulheres é uma ação que pode fazer a diferença, porque vamos nos lembrando de nosso poder feminino, de nosso lugar Sagrado no mundo! Lembrar de nossos dons, de nossa natureza oracular e circular, honrar e nutrir a alma faz a diferença.
Para estar próxima do sagrado, cada uma tb pode individualmente  fazer a sua parte pela simples observação de suas experiências de vida e escolhas a partir delas. Pelo exercício da escuta profunda de si mesma dia a dia, passo a passo pode-se dar lugar ao que realmente precisa ter lugar na vida!
Ficar consigo mesma é a melhor forma de se conhe-Ser, conhecimento é o passaporte para a liberdade e liberdade é poder. Poder discernir o que é seu de verdade, daquilo que tem sido imposto por vias externas não tem preço... Quanto mais próxima do natural, do original, do essencial mais próxima do Sagrado.
Nos guiar pelos ciclos, estações, lunações e pelas relações sinceras é um caminho!
O que nos diz o corpo? Em qual estágio nos encontramos na vida? O que nos diz o coração, os desejos e a intuição? Como está a saúde psíquica? O que nos diz os sonhos? Pergunte pra você mesma e observe seu corpo!
O significado de Sagrado Feminino traz redenção porque é um alívio não ter que negar e sim honrar a natureza, o corpo e a sexualidade como parte daquilo que somos, como instrumentos pelo qual vivemos a vida, e como algo por onde podemos ter prazer sem culpa porque aqui está a expressão do Divino!
Mas também o Sagrado Feminino nos cobra responsabilidade individual porque se o Divino está na vida manifesta eu devo cuidar e respeitar a vida, seja ela qual for.
Se o Divino está em mim, significa que depende de mim, de meus atos aqui e agora, de meus pensamentos e de minhas escolhas, a vida pela qual se condensa ao meu redor... Se a divindade está em tudo e não está separada da vida como algo que só se alcança com a morte, então é possível uma restituição real de respeito e amor.

Figura de: Susan Seddon Boulet
Fotos: Grupos conduzidos por Dúnia La Luna em SP, Ilha Bela, Joanópolis e Rio de Janeiro.





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